JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
Principal nome do PT na corrida pela Prefeitura de São Paulo, a ministra Marta Suplicy (Turismo) só aguarda o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar oficialmente sua nova candidatura.
Muito pressionada por seu grupo político em São Paulo, Marta, segundo a Folha apurou, já sinalizou ao partido que pode concorrer ao cargo pela terceira vez, desde que tenha o aval e o apoio de Lula.
Assim como seus principais adversários até agora na disputa --Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM)--, a ministra tem no horizonte as eleições de 2010, quando sonha concorrer ao Palácio dos Bandeirantes ou até mesmo ao Planalto. Por isso, não tomará uma decisão à revelia de Lula.
Procurada pela Folha, Marta disse, por intermédio de sua assessoria, que não quer comentar o assunto "eleições" nem falará sobre "especulações".
No início do ano passado, a ex-prefeita da capital e seus aliados trabalharam muito para que Lula a convidasse a ocupar um ministério, o que chegou a dificultar o arranjo de forças na coalizão que dá sustentação ao presidente.
No entanto, apesar de aguardar o gesto de Lula, a ministra do Turismo deverá jogar com as peças brancas na eleição deste ano. "É muito provável que Marta mexa a primeira peça desse xadrez porque tem prazo para deixar o governo federal", avalia o presidente do PT paulistano, José Américo.
Pela lei, se a ministra quiser concorrer, deve se desincompatibilizar do cargo até o fim de março. Mas o partido avalia que, caso ela não queira, seria muito difícil "construir" outra candidatura após abril. O PT espera uma decisão até o fim de fevereiro. O primeiro turno está marcado para outubro.
Na segunda quinzena deste mês, a pressão sobre Marta, empatada tecnicamente na liderança com Alckmin segundo a mais recente pesquisa Datafolha, vai partir de associações de moradores da periferia da capital que farão manifestações em favor de seu nome.
Até agora, a torcida para que ela dispute parte principalmente dos vereadores petistas da capital e de seu grupo na Assembléia Legislativa.
Reservadamente, além de se dizer satisfeita com o ministério, Marta tem se mostrado seduzida pela possibilidade de concorrer ao governo ou até mesmo à presidência em 2010.
Entre seus aliados, porém, há quem avalie que ela chegará forte em 2010 mesmo se for derrotada em 2008, desde que passe ao segundo turno e centre a campanha em suas realizações e nas do governo Lula.
O temor dos "martistas" é que, se Marta abrir mão da disputa municipal e seu substituto alcançar o segundo turno, ele passará a ser um dos concorrentes internos à corrida pelo governo do Estado.
Caso Marta não aceite concorrer, pelo menos quatro nomes estão colocados hoje: o do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, os dos deputados federais Jilmar Tatto e José Eduardo Cardozo e o do senador Aloizio Mercadante, derrotado na disputa pelo Bandeirantes em 2006.
Tucanos e democratas
Na aliança que comanda o Estado de São Paulo e a capital, os esforços dos grupos de Serra e de Kassab são para convencer Alckmin de que ele só tem a ganhar se esperar até 2010, quando poderia concorrer ao Bandeirantes, caso Serra dispute o Planalto, ou ao Senado.
Mas o entorno do ex-governador, fora do palácio e da prefeitura, não quer saber dessa hipótese. "O PSDB precisa ter um candidato próprio em São Paulo", diz o deputado federal Edson Aparecido. Reservadamente, o próprio Alckmin, segundo seus interlocutores, estaria confiante de suas chances em 2010. O partido realizou pesquisa que mostra uma ampla liderança dele no interior.
Se desistir de 2008, Alckmin e seu grupo ganhariam o direito de indicar o vice do atual prefeito e controlariam, em caso de vitória, secretarias vitais. Para Kassab, uma eventual vitória também o colocaria na corrida pelo Bandeirantes ou pela única vaga paulista ao Senado em 2010, apoiado por Serra.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u360781.shtml
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