terça-feira, 20 de setembro de 2011

Estudo mostra que falta leito do SUS para dependente químico em SP (Postado por Erick Oliveira)

Levantamento realizado pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack da Assembleia Legislativa de São Paulo mostra que 79% das cidades do estado não contam com leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) para dependentes químicos. E 63% dos prefeitos paulistas afirmam que não ajudam financeiramente instituições ou entidades comunitárias que atendem pacientes químicos. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (20) na Assembleia.
Para fazer o estudo, os deputados estaduais mandaram questionários para os 645 municípios paulistas. Os prefeitos de 325 cidades, onde vivem 76% da população do estado, enviaram suas respostas. O estudo revelou que o crack está presente em todos os municípios pesquisados.

De acordo com os pesquisadores, 80% dos dependentes de crack são jovens e adultos em plena atividade, com idade entre 16 e 35 anos. Quase todos os prefeitos dizem que recebem recursos dos governos estadual e federal, mas, segundo os deputados, essa ajuda se concentra nos municípios de maior porte.
A Frente Parlamentar sugeriu que haja maior integração entre os três níveis de governo para aumentar a oferta de leitos. Os deputados afirmam ainda que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prometeu para outubro o lançamento de um programa nacional de combate ao crack. Por enquanto, o alento tem  sido o aumento da diária para tratamento de dependentes químicos - de R$ 70 para R$ 200 - e a edição de uma norma pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária reconhecendo as comunidades terapêuticas que até agora atendiam dependentes químicos à margem da ajuda governamental.
No levantamento, os  parlamentares apresentaram a cada prefeito dez perguntas. A primeira delas foi: “Qual a droga mais presente em sua cidade?”. As respostas serviram para traçar um quadro que eles consideram “preocupante”. O crack - feito de pasta base de cocaína e bicarbonato de sódio - está mais presente nos municípios paulistas do que a cocaína, a maconha e as drogas sintéticas.
Segundo o levantamento, em cidades médias do interior do estado - com população entre 50 mil e 100 mil habitantes - o crack é tão citado quanto o álcool como a droga mais usada, com 38% das manifestações dos prefeitos cada um. As citações são baseadas na demanda que determinada droga produz no serviço de saúde local. Os dois tipos de droga estão empatados, por exemplo, nas regiões de Barretos, Ribeirão Preto, São José dos Campos e na região central do estado.
Droga mais usada
"Os dados apontam que os municípios paulistas estão desamparados, clamando recursos públicos, recursos humanos e equipamentos para enfrentar o avanço do crack", diz o deputado Donisete Braga (PT) coordenador da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de São Paulo.

"O nosso estado não tem condição de fazer internação compulsória, primeiro porque não tem leitos. Precisamos integrar os poderes públicos, garantir investimentos e também garantir vagas em hospitais públicos. Também temos hoje o Cratod - um centro de referência em tabagismo e drogas - que é uma porta de entrada para dependentes químicos. O ideal seria termos um em cada uma das 15 unidades administrativas do estado, para que fosse a referência de cada região", complementou.
De acordo com o deputado Orlando Bolçone (PSB), integrante da Frente Parlamentar, o crack está presente em todos os municípios pesquisados. O levantamento mostra que o entorpecente foi citado como a droga mais presente em 31% das cidades paulistas. O álcool ainda está em primeiro lugar: 49%. A cocaína é a mais presente em 10% das cidades. E a maconha lidera a lista de preocupações do prefeito em 9% dos municípios pesquisados.
Das 15 regiões administrativas do estado, é na região de Marília que o álcool aparece com mais citações (66%). A região de São José dos Campos apresenta maior número de citações sobre o crack, com 46,6%.
Em cidades médias, álcool e crack empatam como mais usados
Das 15 regiões administrativas do estado, é na região de Marília que o álcool aparece com mais citações (66%). A região de São José dos Campos apresenta maior número de citações sobre o crack, com 46,6%.


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