quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Alunos desocupam prédio de faculdade da USP (Postado por Lucas Pinheiro)

Os estudantes que ocupavam havia uma semana o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP saíram por volta das 17h desta quinta-feira (3) do edifício. A reitoria da universidade, no entanto, continuava ocupada.

Os estudantes invadiram o prédio em 27 de outubro. Na data, alunos da universidade entraram em confronto com a PM depois que três jovens foram detidos com maconha. Estudantes protestaram contra a prisão em frente a um dos prédios da faculdade e houve o conflito. Após a confusão, um grupo invadiu o prédio administrativo da FFLCH. Eles querem a saída da corporação do campus. Mais cedo, uma comissão formada por professores, funcionários e alunos fez uma vistoria no prédio para verificar as condições dentro dele.

Segundo o professor André Singer, pelo que pôde observar, tudo estava em condições normais. Outros professores e funcionários que entraram também afirmaram que o prédio está limpo e que não houve danos.

No entanto, alguns funcionários relataram que a pia de um banheiro tinha sido quebrada e que portas de armários da copa foram arrancadas. Além disso, o livro anuário da faculdade estava desaparecido.

Mesmo assim, após a vistoria, foi assinado um acordo e os alunos puderam deixar o prédio. “O prédio foi entregue em ordem, limpo e sem dano ao patrimônio”, afirmou Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia e membro da comissão de mediação, apesar do relato dos funcionários, que não se identificaram.

Sem punições
Pelo acordo firmado, os estudantes que invadiram a sede administrativa da faculdade não deverão sofrer qualquer sanção por parte da diretoria ou da reitoria da USP. “O documento que acabamos de redigir e assinar diz exatamente isso que não haverá necessidade de uma ação contra os alunos”, completou Braga.

Sandra Nitrini, diretora FFLCH, confirmou a informação. Segundo ela, os estudantes se comprometeram a pintar as paredes, todas na parte externa do prédio, que foram pichadas na ocupação. “O prédio foi entregue em ordem e não houve roubo de material nem equipamento. Da nossa parte não haverá punição”, disse.

Os alunos deixaram o prédio sem falar com a imprensa e se dirigiram ao prédio da reitoria para se juntar ao grupo que reivindica a saída da PM da Cidade Universitária, o fim do convênio entre a polícia e a USP para aumentar a segurança no local e a retirada de todos os processos abertos contra professores, funcionários e alunos.

A saída do prédio da FFLCH foi decidida em assembleia realizada na noite de terça (1º). Horas depois, no entanto, estudantes dissidentes ocuparam o edifício da reitoria. O reitor da USP, João Grandino Rodas, disse em entrevista à Rádio CBN nesta quinta que entrou na Justiça com o pedido de reintegração de posse do prédio da reitoria. A decisão favorável à universidade saiu por volta de 18h30.

Rodas acrescentou que espera ver a situação resolvida de forma amigável, por meio de diálogo com os estudantes. No entanto, afirmou que o convênio entre a universidade e a PM continua.

O convênio foi firmado em setembro após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, ocorrida na noite de 18 de maio. O jovem foi baleado quando se aproximava de seu carro em um estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). Dois homens presos pelo crime foram indiciados por latrocínio.

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