segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Suspeito de bater em gays em SP diz ter sido vítima de 'ataque heterofóbico' (Postado por Lucas Pinheiro)

Um dos dois universitários suspeitos de agredir um casal gay em São Paulo no dia 1º, Daniel Barbosa, de 26 anos, disse nesta segunda-feira (17) que está sendo "injustiçado". “Estou me sentindo injustiçado, não tenho e nunca tive preconceito e nada contra homossexuais. Na verdade eu é que fui vítima de um ataque heterofóbico.” A agressão aconteceu de madrugada na região da Avenida Paulista, após o casal gay sair de uma casa noturna onde havia discutido com os agressores.

Barbosa é o rapaz que teve seu rosto flagrado por uma câmera de segurança de um posto de combustíveis. Ele conversou com o G1 por e-mail, respondendo a perguntas feitas pela reportagem. As respostas foram encaminhadas nesta tarde por seu advogado, Walter Macario Filho.

“Sou muito calmo, sou surfista, moro na praia, paz e amor, gosto da natureza, tanto que não tenho nenhum histórico de briga antes, nunca briguei na vida”, escreveu Barbosa, ao ser indagado se era violento.

De acordo com o defensor do estudante de gastronomia, ele deverá prestar depoimento à Polícia Civil durante esta tarde.

Barbosa e seu amigo, um outro universitário de 25 anos que não teve o nome divulgado, foram identificados no dia 7 pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) a partir da lista de clientes que estavam no Sonique Bar. Eles são investigados por suspeita de lesão corporal motivada por homofobia contra o analista fiscal Marcos Paulo Villa, de 32 anos, e o seu namorado, um coordenador financeiro de 30 anos, que não quis dar o nome.

"Você é hominho de m... seu c... não pega mulher!"; nesta hora, eu perdi o controle emocional e desferi um tapa na nunca, só tive treta com esse tal de Marcos Villa. Ainda gritaram: "Ô playboy filho da p..., nós somos os donos da rua, a gente é quem manda aqui!", respondeu Barbosa no e-mail, ao ser questionado como se sentia ao ser suspeito de homofobia. O G1 suprimiu os palavrões escritos na resposta do estudante.

A equipe de reportagem não conseguiu localizar o casal gay para comentar as declarações de Barbosa. Na semana passada, Villa reconheceu as fotos do aluno de gastronomia e de seu colega como os homens que agrediram ele e seu namorado.

Segundo a polícia, a briga ocorreu após uma desavença por causa de duas mulheres que estavam com os gays no bar. Elas foram paqueradas pelos estudantes, mas não corresponderam. Ao deixar o local, as vítimas disseram que foram ofendidas pelos suspeitos por palavras homofóbicas num posto de combustíveis. “Falaram que os gays tinham que morrer”, disse Villa. Em seguida, ocorreram as agressões, após Villa ter dito que os suspeitos poderiam ter filhos gays. Câmeras de segurança gravaram a discussão, mas não a briga.

Villa teve escoriações na nuca e seu namorado fraturou a perna direita e teve traumatismo craniano. As vítimas disseram à polícia que Barbosa foi quem quebrou a perna do coordenador.

'Não sou homofóbico'
No dia 10, o amigo de Barbosa negou as acusações de ataque homofóbico em entrevista ao G1. Sob a condição de não revelar seu nome, o estudante disse: “Não sou homofóbico, tenho amigos homossexuais”. Ele ainda disse que só soube pela TV que as supostas vítimas eram gays. Também disse que uma das garotas havia beijado o coordenador na boca e negou que tenham quebrado a perna dele. “Caiu sozinho e infelizmente quebrou a perna.” As mesmas declarações foram ditas em seu depoimento à polícia na sexta-feira.

A polícia não irá pedir a prisão dos suspeitos. Leia abaixo a entrevista de Barbosa ao G1.

G1 - Como você tem se sentido após o casal gay acusar você e seu amigo de ataque homofóbico?
Daniel Barbosa - Estou me sentindo injustiçado, não tenho e nunca tive preconceito e nada contra homossexuais, inclusive frequento lugares e baladas GLS, como aquela que frequentava no dia dos fatos. Tenho amigos homossexuais e minha mãe também tem amigos gays que frequentam a minha casa, na verdade eu é que fui vítima de ataque heterofóbico. Preconceituoso e intolerante é o "careca". Ele é que me ofendeu com palavras: "você é hominho de m.... seu c....não pega mulher!"; nesta hora, eu perdi o controle emocional e desferi um tapa na nunca, só tive treta com esse tal de Marcos Villa. Ainda, gritaram: "Ô playboy filho da p..., nós somos os donos da rua, a gente é quem manda aqui!"

G1 - Como está sua vida pessoal e profissional? Tem saído de casa?
Barbosa - Está totalmente descontrolada, pois trabalho com restaurantes na cozinha, eventos freelancers. Moro em Santa Catarina e preciso voltar pra lá, para trabalhar e estou tendo que ficar em casa para resolver esse caso, saio de casa pouco. Minha família está muito mal com a falsa acusação; estou dando força para eles e eles a mim.

G1 - Como você recebe esta acusação? O que realmente aconteceu?
Barbosa - Não sei por que eles acham que eu sou homofóbico, porque eles viram que eu estava no mesmo lugar que eles, uma balada GLS. Qual o motivo de mentirem? Eu e meu amigo estávamos no Sonique Bar, meu amigo paquerou uma menina que não correspondeu à paquera. Ao sairmos do bar, na porta deste, encontramos novamente com as meninas e os rapazes, houve um certo conflito verbal; em seguida eu e meu amigo fomos para o posto de gasolina; em seguida chega ao posto os dois rapazes que nos acusam de agressão; daí surge novo bate-boca e sou agredido pelo "careca" que levanta a mão parecendo que ia me agredir e diz as palavras que acima me referi.

G1 - Por que não se apresentou antes à polícia para esclarecer o assunto?
Barbosa - Só fiquei sabendo de toda essa confusão quando meu amigo me avisou que estava na mídia e que estavam acusando a gente. Aí entrei em contato com um amigo advogado, que entrou em contato com a delegacia marcando a data para minha apresentação.

G1 - Você se considera violento?
Barbosa - Ao contrário. Sou muito calmo, sou surfista, moro na praia, paz e amor, gosto da natureza, tanto que não tenho nenhum histórico de briga antes, nunca briguei na vida!

G1 - Policiais informaram que você já foi acusado de lesão corporal num acidente de trânsito e de ameaçar uma ex-namorada. O que realmente aconteceu?
Barbosa - Não faço ideia de nenhuma dessas acusações, e hoje liguei para minha ex-namorada e perguntei se ela tinha feito algum BO contra mim. Ela me respondeu que jamais, agora acidente já caí de moto, bati carro, mas só quebrou o para-choque do carro.

G1 - O que você pretende fazer daqui para frente?
Barbosa - Quero poder voltar a trabalhar e ter minha vida normal novamente, pois minha família está muito abalada e paramos a vida por causa disso, esse assunto não só me afetou, como afetou toda a minha família. Quero também que eles sejam honestos e digam a verdade para o delegado e se for o caso para o juiz; porque para o delegado e o juiz eles podem mentir, mas para Deus não, pois eles sabem que não teve homofobia, apenas um revide meu de uma ofensa, perdi a cabeça e dei um tapa no tal de Marcos Villa, somente isso, tenho testemunhas disso que estou falando.

G1 - O que você gostaria de dizer à população que acompanhou o caso pela imprensa?
Barbosa - Que não sou homofóbico, não tenho nada contra homossexuais. Quem é "heterofóbico" é o Marcos Villa, ele é que teve a intenção de atingir minha opção heterossexual.

G1 - Se arrepende de algo que fez?
Barbosa - Sim, se soubesse que ía dar esse rolo todo, eles podiam me agredir à vontade que eu não ía revidar nem dar bola para o que eles diziam.

G1 - O que você gostaria de dizer ao casal gay que o acusa de homofobia?
Barbosa - Que não sou homofóbico, não tenho nada contra gay, que mentira tem perna curta, e para quê tanto ódio no coração? Se eu errei eles, erraram também. Que tal nos perdoarmos?

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